Na semana da III Ação Potiguar de Incentivo à Leitura, promovida pelos Jovens Escribas, o escritor Thiago de Góis esteve na UnP e concedeu uma entrevista ao PET – Literatura do RN em que falou sobre a sua formação como leitor e seus projetos.
Qual é a sua
motivação para a escrita?
Acho essa uma questão um tanto
complexa, já que acredito que a vontade de escrever nasce com o escritor. É uma
coisa que já vem de berço e é incentivada pela família, pela escola, pelos
amigos.Sempre fui muito incentivado pelos meus pais que me presenteavam com
histórias em quadrinhos. Também na escola os professores de português me davam
livros. Sempre recebi um grande incentivo, até mesmo dos jornaizinhos escolares
dos quais eu fiz parte durante o período escolar, enfim todo um “mundo” de oportunidades
que me ajudou a escolher o meu caminho.
Os seus leitores costumam comentar o que leem?
Agora com a expansão da internet e
com a postagem dos textos na rede, há uma maior interação entre o leitor e o
autor,um retorno que causa um grande incentivo no escritor para continuar
escrevendo. Já os encontros da Ação Potiguar de Incentivo à Leitura são um momento
único que nos dá maior proximidade com o leitor, proximidade diferente da
virtual, pois aqui estamos face a face. Nesses encontros, quando recebo o
comentário de alguém, que leu e gostou de algum conto que escrevi, é um grande
incentivo para que continue a escrever cada vez mais.
Desde cedo eu sempre gostei muito
de ler e uma coisa que me marcou muito foi a descoberta de Rubem Fonseca, e
acredito que o descobri tarde demais, já na faculdade, pois foi um autor com quem
não tive contato na minha adolescência. A primeira sensação que tive ao ler um
texto dele foi a de “olha isso aqui era o que eu gostaria de ter escrito, mas
ainda não consegui, só que alguém escreveu por mim”. Então foi uma
identificação muito forte e me incentivou ainda mais a seguir na carreira
literária. Mas adoro a literatura intimista da Clarice Lispector e gosto
também, sem discriminação, de quase todos os autores que escrevem literatura
fantástica, amo de paixão esse tipo de histórias.
Como surgiu a ideia que deu origem ao livro Contos bregas?
Começou com a ideia de fazer o
caminho inverso ao do compositor musical, pois acredito que o compositor se
inspira na sua própria vida ou em alguma história quelê ou escuta de alguém de
algum amigo. Ele transforma aquele fato real em uma canção, por isso digo que
faço o caminho inverso, parto da canção para o fato, que pode até não ser o
mesmo que o compositor vivenciou ou ouviu originalmente, mas ai é a parte
divertida onde ponho a imaginação para agir. Comecei a partir da canção do
Reginaldo Rossi “Garçom”, escrevi e mandei por e-mail para amigos; a recepção
foi boa e, então, parti para a escrita de outros textos baseados em outras
canções. Reuni num livro que também homenageia a canção popular, unindo o
universo da música ao da literatura.
Você é formado em jornalismo, como se deu essa passagem do jornalismo
para literatura?
Acho que a linguagem jornalística
tem o compromisso com a narração dos fatos reais, e a literatura nos dá mais
liberdade, liberdade de poder inventar, contar histórias, criar mundos. No
jornalismo não há essa possibilidade, portanto a literatura é mais um escape
desse jeito de escrever jornalístico.
Você já pensa em novos trabalhos?
Sim estou trabalhando numa coisa
nova, um romance. De certo modo, é um grande desafio, pois, diferente do conto,
requer uma maior disciplina para escrever, é um gênero bem mais complexo que o
conto.
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