quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

PET INDICA - Os Diários de Sylvia Plath


Poetisa e ficcionista, Sylvia Plath foi um dos grandes nomes da literatura norte-americana do século XX. A vida da autora foi marcada por uma luta constante contra a depressão, que culminou em seu suicídio em fevereiro de 1963. Desde então, um mistério se estabeleceu em volta de Plath. Por meio de seus diários, é possível entrar em sua intimidade e descobrir como era a sua vivência em sociedade e entender um pouco do que acontecia com ela em seu interior: perdeu o pai aos oito anos; não tinha uma boa relação com a mãe; casou-se com um homem (Ted Hughes, poeta) que a traía constantemente; sofreu um aborto espontâneo; tinha dificuldades em publicar a sua obra, ao passo que via a do seu marido sendo editada e, além de tudo isso, carregava consigo o fardo de ser mulher numa sociedade que ditava, em virtude de seu gênero, regras e padrões não condizentes com suas reais ambições. Em seus diários, a autora não registrava apenas o seu dia a dia de forma impessoal, mas trazia poemas, anotações sobre enredos ou personagens que pretendia desenvolver, desenhos e reflexões que beiram a poesia. Fica a dica para quem se interessa em conhecer a vida daqueles que escrevem. Deixo alguns trechos do livro abaixo:

“Deus meu, isso é tudo, ricochetear pelo corredor de risos e lágrimas? De autoadoração e autorrepugnância? De glória e asco?”

“Consigo apenas debruçar-me invejosa na beirada e odiar, odiar, odiar os rapazes que podem esbanjar livremente o apetite sexual, sem receio, permanecendo íntegros, enquanto eu me arrasto de encontro em encontro ensopada de desejo, sempre insatisfeita. A coisa toda me enoja.”

“Como explicar a Bob que minha felicidade depende de arrancar um pedaço da minha vida, um fragmento de aflição e beleza, e transformá-lo em palavras ditalografadas numa página? Como ele poderia entender que justifico minha vida, minhas emoções ardentes, meu sentimento, ao passá-los para o papel?”

“Meu Deus, a vida é solidão, apesar de todos os opiáceos, apesar do falso brilho das ‘festas’ alegres sem propósito algum, apesar dos falsos semblantes sorridentes que todos ostentamos. [...] Sim, há alegria, realização e companheirismo - mas a solidão da alma, em sua autoconsciência medonha, é horrível e predominante -“

Lucas José de Mello Lopes, bolsista do PET.

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