A
escritora Nivaldete Ferreira concedeu-nos uma entrevista nesta última
quarta-feira, dia 01. A poetisa falou sobre o seu primeiro romance, Memórias de Bárbara Cabarrús (2008),
e os seus trabalhos com a poesia, teatro e a música, além do seu prazer
pela pintura e fotografia. Abordou também a sua relação com a palavra e
como se origina o seu texto, discutindo temas como estilo e o seu fazer
poético. Nivaldete, que também é professora do Departamento de Artes da
UFRN, falou sobre as suas “máscaras” e o desapego de seus livros,
lembrando dos seus caminhos que vão desde Nova Palmeira (PB) até a sua
chegada em Natal – “Memórias são ácidos e brinquedos. Mais ácidos que
brinquedos, talvez”.
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Foto: Canniggia de Carvalho |
PET: Como, quando e por que começou a escrever? Como nasceu a escritora?
Nivaldete: Eu acho que a gente nunca sabe por que quer escrever, eu acho que é um vício, talvez pelo gosto da leitura. Pode derivar daí o gosto por escrever. Eu acho que é querer experimentar aquilo que experimentou lendo, experimentar fazendo, produzindo, é como quem come um pão e quer fazer o pão com todo o atrevimento. E como eu nasci em Nova Palmeira que, no tempo, nem cidade era, a leitura era a minha diversão, era o meu parque de diversão, era o que eu tinha para fazer. Então eu acho que me entreguei muito e comecei a escrever por uma necessidade, escrevi até sobre a praia sem ter visto praia, só de ouvir falar. Minha mãe falava de uma menina perdida numa praia, a menina era eu que já estava perdida e não sabia.