Regina
Azevedo nasceu em Natal/RN no ano de 2000. Entrevistada pelo PET Letras durante
a ExpoCiência, ocorrida no último dia 05 no XVIII Congresso Científico da UnP,
a escritora, autora de títulos como Das
vezes que morri em você (2013), Por
isso eu amo em azul intenso (2015) e alguns fanzines como Carne viva o amor estanca, O amor é simples e
Carcaça. Regina falou sobre seu processo
de criação, influências, do papel social do poeta, e anunciou seu próximo
livro, Pirueta, ainda sem data
prevista para lançamento.
Quem é Regina Azevedo?
Poeta.
Quando se deu conta de que era
escritora, quando houve o chamado da literatura?
Entendi
que existia a possibilidade de escrever aos 12 anos, através do Sarau do Burro
e do Menor Slam do Mundo, do Daniel Minchoni, e da Sinhá, lá em São Paulo. Foi
incrível ver que uma prateleira de livros não precisava ser só de gente que já
morreu. Mas essa consciência e a coragem de se afirmar poeta vem muito depois,
com o tempo. Hoje eu preencho questionário e me sinto muito bem em dizer que
sou poeta. Poeta é o que mais gosto de ser, além de estudante, formada em tal
coisa, cursando isso, bolsista daquilo, repórter de tal site...
A literatura tem o poder de
humanizar, de ajudar a formar opiniões.
Como é lidar com isso tão jovem?
Não
acho que a arte carregue a obrigação de ser engajada. Mas acho que,
principalmente diante do atual cenário do país, ninguém pode ficar calado.
Acredito muito na importância de cada pessoa, acredito muito que se todos
falarem vai ficar melhor de se ouvir. Por outro lado, entendo essa
responsabilidade indireta como uma oportunidade: uso a voz que tenho enquanto
poeta e a relevância que posso ter pra alguém pra poder falar sobre o que
acredito ser importante para mundo.
Quais as suas referências?
Por
sorte, muitas das referências são também grandes amigos. Chacal, Nicolas Behr,
Dimitri Rebello... Gosto muito de Angélica Freitas, Ana Martins Marques, Sinhá,
Matilde Campilho. Mas também O’Hara, Anne Sexton, leio um pouco de Whitman. No
início tive grande influência de Bukowski.
Como é o seu processo criativo?
Exige
muita atenção. O poeta tem que ser atento. Uma das coisas que a poesia me
ensinou é dar valor às pequenas coisas. Presto atenção no carro que passa, na
piadinha despretensiosa de um amigo, na folha que cai... Tudo termina virando
verso, poema, anotação no caderninho. Trabalho com muitas anotações, faço meus
próprios exercícios de escrita e lido muito com colagens, escrevendo poemas a
partir de painéis semânticos.
Você tem dois livros publicados e
alguns zines, poderia falar um pouco deles? Além desses livros, você está com
um livro novo a caminho, poderia falar um pouco dele também?
O Das vezes que morri em você é meu
bichinho mais velho. Foi uma coisa que mudou a minha vida: lançar livro de
poema aos 13 anos. Foi o início de tudo, ainda muito sem estilo, sem
experimentação... Mas com alguns poemas importantes que gosto até hoje. O Por isso eu amo em azul intenso é muito
amor, mesmo. O Jopa (um grande amigo que assina o prefácio do meu livro novo)
diz que era um amor monocromático. E, ao repetir isso, espero que entendam que
isso não significa invalidá-lo: é que no Pirueta,
o próximo livro a ser lançado, o amor vem de várias maneiras. Estar em um
relacionamento monogâmico na época do Azul
talvez me impedisse de captar algumas outras gamas de cores do amor. O que,
absolutamente, influenciou muito nos poemas daquela época. O Pirueta surgiu numa fase de ruptura de
relacionamento, da morte da minha avó, muita coisa difícil... Mas estou muito
contente com ele, também. Um livro cheio de poemas de amor, de amores, que é
também minha estreia internacional: vai sair no Paraguai, pela editora Yiyi
Jambo.
Abaixo,
uma poesia do zine Carcaça:
você merecia dançar
eu acreditaria em deus por um
instante
se você conseguisse dançar
nunca imaginei que pardais
atormentavam saguis
e é muito difícil ver você sempre
sentada
te quero do meu tamanho
te quero respirando e falando
besteira
você merecia saúde
eu acreditaria em deus por um
instante
se você tivesse saúde
nunca imaginei que existissem
homens maus na sua rua
e é muito difícil correr e te
deixar pra trás
porque você merece viver
mais do que qualquer pessoa no
mundo
você merece viver
Introdução: Clara de Castro
Entrevista: Ionara Souza
Simplesmente Emocionante!! Regina é nota 1000,
ResponderExcluir